Que pena...


Que pena que somente agora ela está de volta...
Eu a esperei por todo esse tempo, paciente,
Resignado, com o café posto à mesa a sua espera,
E vi outonos, verões e invernos substituírem a primavera
Sem que conseguisse tirá-la de minha mente,
Vendo meu barco soçobrar em água revolta.

Vi o café esfriar e por isso o joguei fora,
Mesmo mantendo no peito ainda a esperança
De que em uma tarde ela certamente voltaria,
Por descuido, fantasia ou carência da poesia
Que lhe cantei a cada dia, como se criança,
Até a noite em que ela finalmente foi embora.

Que pena... até mesmo murcharam as flores
Nos vasos com que enfeitava nosso leito,
Feneceram neste tempo de seu aguardo,
Indiferentes, sem saber que ainda guardo
O palpitar de seu coração dentro de meu peito,
Mesmo que como meras lembranças, sem dores.

Que pena... tantas juras que secaram serenas
Em meus lábios, sem terem sido pronunciadas
E até o clamor que ressoava em nossos peitos
Como um bumbo a retinir, se calou por respeito...
Só restaram as lembranças dessa mulher amada
Que se foi assim sem nem mais apenas... Que pena!!!
LHMignone
Enviado por LHMignone em 26/06/2017
Reeditado em 13/01/2020
Código do texto: T6038136
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