Não existem mais cartas de amor.

Não existem mais cartas de amor.

Os carteiros hoje em dia,

correm dos cães nos grandes centros

ou nas pequenas cidades com algumas compras nas mãos encomendadas pela internet.

Não passando de lembranças de puro consumo.

Nada que fale de grandes amores,

grandes paixões,

Nada de inícios amorosos por cartas

nem términos por elas (as cartas de amor).

De quem é a culpa deste fim tão trágico das cartas de amor?

Da escola que não ensinou de forma correta

que também além de digitar é necessário sabermos escrever?

Dos pais que tornaram-se insensíveis a caligrafia dos filhos então criaram crianças que crescem adultos incapazes de ler ou escrever uma linha?

Será preguiça dos jovens neste mundo moderno e avassalador, não escreverem mais cartas de amor?

Aonde está a palavra?

A palavra morreu?

Aonde estão os carteiros com seus envelopes tão aguardados, tão esperados, tão sonhados?

Não existe mais trabalho para os carteiros,

intermediários do amor.

Agora só existe espaço para um e-mail, uma rápida mensagem de texto e algumas "carinhas" que sintetizam as emoções do dia.

Que mundo é este de meu Deus?

A tecnologia é fantástica!

Mas, cadê a sensibilidade na alma?

Cadê a esperança nos corações?

Cadê a fé no outro e em si mesmo?

Aonde estão (meu Pai Eterno)

as poesias que um dia escreveram para mim?

Aonde estão as cartas que tanto aguardo chegarem até mim?

Já não sei o quê pensar sobre este avanço feroz da tecnologia, as máquinas que substituem os "olhos nos olhos".

Os inícios de amores começam no mundo virtual e terminam neste mundo também.

Quando podem terminar em morte no mundo real...

É tudo tão limitado a um celular, a um teclado, a uma câmera que nos levam e nos trazem a céus ou infernos sem fim.

Não sentamos mais de um minuto para uma prosa boa com um amigo de verdade.

O quê está acontecendo?

A solidão é pretexto para caminharmos entubados de poluição digital.

Como estão as nossas crianças, os nossos adolescentes e jovens? Como está o nosso país?

É tudo isto mesmo?

Não sabem mais dialogar,

conversar,

entreter,

agir,

resolver,

criar,

construir,

conjugar.

Cadê as palavras nos textos mais simples escritas de forma correta. Valorizando a nossa língua portuguesa. E se não forem escritas corretamente, que sejam escritas com a alma e o coração!

O que está se passando?

A Globalização e a sede de capital (Dinheiro mesmo) nos deixou inertes de sentimentos. Inertes e incapazes de descobrirmos a beleza do outro. E valorizarmos a vida!

Sinto-me perdida e deslocada,

nesta transloucada cela de emoções que ao longo do tempo tornaram-se falácias sentimentais.

A mesma internet que une, também desuni.

E neste mundo aonde a realidade é esmagada pelo mundo virtual,

continuo tomando um café quente, graças à Deus!

Saindo para olhar o mar, a chuva, o Sol amanhecer tão lindo! Continuo ouvindo músicas em meu rádio portátil, sim. Continuo assistindo televisão, sim. Continuo lendo um livro de capa dura, sim. Continuo mergulhando nos outros e em mim, sim! Agradeço a existência dos amigos virtuais, mas também valorizo os amigos reais.

Morreram as cartas de amor, morreram.

Sobraram os desenhos para retratar os sentimentos, substituindo as palavras.

Ainda insisto em escrever cartas de amor mesmo sendo ridículas! Não sou uma pedra, sou gente.

Andréa Ermelin

26 de Julho de 2017.

Às 06:05h da manhã.

Quarta-feira

Salvador-BA/Brasil.

Andréa Ermelin de Mattos
Enviado por Andréa Ermelin de Mattos em 26/07/2017
Reeditado em 26/07/2017
Código do texto: T6065098
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