VI E FIZ QUE NÃO VI ("Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria." — Campbell)

A merendeira convida minha turma para lanchar. Aquele aluno saiu como uma pessoa comum, juntos com os outros, com a mesma avidez para ir pegar a comida. Logo retornaram uns com a vasilha muito cheia e outros sem nada, eles negociam o lanche. Eu estava perto do balde de lixo, usado na devolução dos restos, quando percebo aquele aluno chegando e depositando seu prato cheiinho na lixeira sem seque bem provar a comida. Questionei-me em uma reflexão sobre os motivos que levaram àquela atitude de desperdício. Porém, não foi difícil quando ele anunciou em voz alta que a comida estava ruim demais. Se realmente queria aparecer, fê-lo com categoria, pois os demais alunos devem ter se sentido inferiores, comendo o que "o bonitão" ali já taxou como lixo.

Outro aspecto, pode ser que aquele aluno nem tenha o que comer assim frequentemente em casa. E naquele momento estava com fome, todavia buscava holofote e não passou desapercebido, é pena que os olhares eram negativos, pelo menos os meus. Pois, sua atitude sugeriu-me um desequilíbrio emocional, apesar de certa contenção para demonstrar esses tipo de sentimento. Nem vou tentar aqui descrevê-lo, estou ainda buscando qualidade para retratar o meu cotidiano, Por isso estou escrevendo esta crônica, lutando pelo que acredito.

É certo que a adolescência é uma fase pela qual já passei, mas os tempos eram outros, tínhamos outras formas de nos exibir. Minhas receitas não servem para aquele aluno e a dele me favoreceu o bom andamento de minha aula, o que alguns disseram a ele: palavras duras de julgamento e reflexão. Concluíram o tema filosófico daquele dia e, logo em seguida, tocou a sirene... Vejo que na teoria tudo é perfeito, na prática dá defeito. Ainda assim, continuo crendo que o amor vale a vida. "Tudo é puro para os que são puros; mas nada é puro para os impuros e descrentes, pois a mente e a consciência deles estão sujas." (Tito 1:15).