encontros que ficam

hoje é mais um dia que nos

esticamos

um sobre o outro,

a lua, o poste e os gatos

nos observam atentos

do nosso interior,

disseram que há alguma

mediunidade nos gatos,

uma estranheza típica

de quem olha pra dentro,

não sei, com certeza

existe um certo olhar

de quem revela,

de quem entrega o jogo,

talvez até entregue mesmo,

mas não hoje

que nos olhamos de perto

e que eu conheci aquela

sua pinta nas costas,

não hoje

enquanto nos enroscamos

e nos ajeitamos pela quinta vez

naquele mesmo banco

duramente cinza e penso

no meio da praça,

não enquanto

a cidade toda silencia

suas trombetas de serafins tristes

e mudos,

não na nossa praça íntima

a praça de ontem

e anteontem

e de semana passada

de novo o mesmo banco

e nós

que já não somos os mesmos,

mas que ainda permanecemos

meio verdes e trêmulos

mal imaginamos

a fundura do poço

um do outro,

que ali escancarados

e desprotegidos

sobrevivesse

de alguma forma

uma semente

algo como esperança

um futuro bonito

enquanto o beijo for quente

e o solo vingar.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 01/09/2017
Reeditado em 01/09/2017
Código do texto: T6101033
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