a noite que pousa no homem

acho que tenho andado

muito perdido, por um

momento as coisas

pareceram tão tênues,

o caminho foi ficando

tão pequeno, foi ficando

difícil respirar,

tudo parecia estreito,

eu mesmo não cabia mais

nem sei, com certeza

se estava ali

ou se estava, quem sabe,

expondo meu corpo ás infinitas

pombas no beiral da janela

em troca de um pedaço,

um farrapo qualquer de alguma

coisa que fizesse sentido

e não faz, as vezes parece

que clareia, mas é sonho,

um momento antes

do furacão.

um segundo e estamos aqui,

presos num céu intergaláctico

de estrelas que despencam,

envoltos por uma coisa

escura como uma capa

que agarra o corpo

da gente, suga nosso ar,

parece que você some aos

poucos dentro da bruma

e que tudo é tão distante

e longe e dói.

mas você sabe né

que de alguma forma

você vai viver, se permite até

ter alguma esperança,

uma pequena bituca acesa

enquanto a cidade inteira

dorme. ou finge.

e as palavras rolam

por seus caminhos ocultos

através da veia aberta

e da lâmina que passeia

a mira em busca do alvo:

o peito do poeta.

na janela

um raio radioativo

projeta alguma luz

sobre a fechada

de pedra,

algo bem parecido

com um negocio

feio e torto

chamado coragem.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 19/09/2017
Código do texto: T6118315
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