FIO DA NAVALHA

Se eu sigo uma reta, nada me consome mais. É simples o caminhar sem curvas, uma viagem desatormentada, preguiçosa, sem luta, uma viagem sem vida. Eu procuro os montes, as serras, as curvas que me trazem perigo, sustos, inesperadamente, me trazem vida. A graça não é de graça, o prazer da conquista faz dos minutos uma constante e mutante alegria. Me faz feliz a luta de um dia, enquanto entristeço no marasmo de um pensamento vazio, sem luz, sem desafio.Eu sigo o fio da navalha, entre dores e amores, instantes que eternizo em um simples sorriso de satisfação, nas rugas que me nascem, não da velhice, mas do jovialidade fora do tempo.