Coisas vãs

todas as sextas construimos

pontes monumentais ao invisível

dos olhos, perfumamos o corpo,

a casa, o templo, na esperança

de sermos vistos, não só vistos,

mas amados, de alguma forma

esperamos

e insinuou a espera como uma

doação ilimitada, uma carga

dramática, um último arrepio

nos poros da tua pele, o olho

soberano de deus, grandíssimo

sol encarnado, rei pacificador

da tempestade, da chuva passageira

a canção sem-fim

todas as sextas cantamos

com as vozes do amor

e aquele ponto fixo no mapa,

a estrela maior na casa de touro

se afasta, enquanto explode

em prata a angústia da noite

e dos dias iguais em simetria.

todas as sextas, como a pedra

que rola a montanha, nos encontramos,

nos esgueiramos pela subida,

apenas para cairmos e nos

perdermos de novo e de novo.

e mais uma vez. até que um

novo dia nos redima.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 20/10/2017
Código do texto: T6148342
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