A Arte de Escrever

As histórias que me deram

As tramas que me fizeram

As palavras que não quis

Os versos que não soube

As prosas que não pude

Os cânticos que não fiz

A respeito do que está longe

Sobre o equidistante

Debaixo do meu nariz

Falando pelos cotovelos,

Pensando entre meus botões

Arrancando pela raiz

Do sagrado e do profano

Do sano e do insano

Com ou sem sobrepeliz

Revestido com nato

Vestido de fato

Sem roupa de juiz

Rabiscos e rabiscados

Vulgares e rebuscados

Acentos e pontos nos is

Às grandes potências

Às tribos selvagens

Às nações que nunca vi

Foragido ou asilado.

Quer preso, sentenciado,

Alijado dos “dois Brasis”

Da colonização atropelada

Das Bandeiras e das Entradas

Do Oiapoque ao Chauí

Do verde e do amarelo

Da Bandeira tremulante

Da beleza, suprimida, do País.

Em aviso aos navegantes

A quem interessar possa:

Sigilos de per si

O simples, do quotidiano.

Mensagens codificadas

Notícias para o porvir

Com um dedo sulcando a terra

Com três, notificando num plano,

Ou dez, burilando em matriz.

Inscritos fluídos entre dedos

Prescritos nas entre linhas

Escritos em quadro de giz

Os gritos dos oprimidos

No fantoche dos folclores,

Nas peças da atriz

Dos desgostos e desenganos

Dos casos e descasos

De tudo que sofri

O certo e o errado

Espontâneo ou empurrado

Na arte como vivi

Para o amanhã que pede

Sobre o hoje que fala

Do ontem que diz

Tanto na refrega da molecada

Quanto na capoeira ritmada

Até ás danças dos Zumbis

Romances e seus dissabores

Romeu e sua Julieta

Marítimo e sua meretriz

Dentre os cheiros das flores

Entre os inales inodoros

No que tange às fedentinas vis

Sob tímpanos perdendo o timbre

A visão, o sabor da vida,

A idade chegando cerviz

Sobre vermelho-escarlates gritantes

Dos alertas amarelos instantes

Aos verdes auspiciosos, pueris.

Sobre os bilros das rendeiras,

Os arcos das bordadeiras...

Acerca dos teares das fabris

Em livros volumosos

Para revistas esporádicas

Ou pequenos gibis

Formulados científicos

Formulando os empíricos

Dando vida às fábulas infantis

Assuntando matas virgens, grossas;

Os cerrados, macegas e roças.

Pelos polens das flores-de-lis.

Sobre a fauna e a flora

Vítimas, neste mundo a fora,

Do petróleo e seus barris

Das pomposas palmeiras, lá.

Dos gorjeios sabiás, por cá.

Dos ditosos poemas que li

Rascunhando momentos alegres,

Passando a limpo o viver sereno

Revisando em estado infeliz

Tracejados coloridos

Traçados mono-cor

Traços sem matiz

No mundo com suas incoerências

Dos que mandam com espadas

Aos que obedecem com fuzis

Em meios às guerras e seus rumores

Com pestes, fomes e seus estertores.

Sob Tratados e Convenções sutis

Mesmo em sendo atrevido

Inconveniente, intrometido,

De algo que não me condiz

De tudo que me der na telha

Senão do Amor de Deus

Por ser um eterno aprendiz

Edmilson N Soares
Enviado por Edmilson N Soares em 04/11/2017
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