Tempo, dia e noite

Varandas se mostram com cadeiras de balanço,

e o tempo se suspende sobre muradas.

Solidão nas casas abandonadas.

Enfileiram-se ruas desertas a noite,

para soprarem canções de ninar aos recônditos cantos da cidade.

Vão-se boêmios; entregarem-se as portas dos lares,

sorrindo amarelado, um pedaço de sol nascente.

Jornais rasgados voam levemente de um canto a outro,

com o deslocamento de ar que provoca algum automóvel na madrugada.

O dia luta na placenta de escuridão para libertar-se no horizonte.

Vem despontando suavemente todo acordar,

se mostrando com bocejos ainda.

Vida que segue; muros que se erguem;

as pessoas se apressam para a confusão das próximas horas.

A construção obriga o labor; as dependências obrigam a competição.

É preciso junção para funcionamento da sociedade diária.

Ruas pisoteadas, curradas com velocidade de rodas,

recebem o carinho de brisas matinais.

As empresas se lotam de mão de obra

e se estendem em busca de mais riqueza.

A cidade sorri rosto de concreto e ferro;

e se arma para aconchegar cansaço no fim da tarde.

As pessoas se detêm na correria desse cansaço,

enquanto boêmios se preparam para dormir.

Arrumam a cama, sonhando lençóis desarrumados de amores;

daqueles, da solidão das casas abandonadas;

onde o tempo se suspende sobre muradas;

e varandas se mostram com cadeiras de balanço.

Takinho
Enviado por Takinho em 21/11/2017
Reeditado em 21/08/2020
Código do texto: T6178374
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