Um certo Romeu...

Esta é uma historia triste e sem graça, sobre os restos de uma vidraça,
No chão, em muitos cacos foi quebrada, espalhando perigo na calçada.
Dizem que o que ali aconteceu, foi por causa da ira de certo Romeu,
Que, magoado, apedrejou a janela... de uma musa, que era aquela...
 
Sim, era aquela do conto antigo, que fazia parte do clã inimigo.
É que no seu quarto o dia inteiro, não queria atender àquele cavalheiro.
Preferia a solidão do seu aposento e não imortalizar a fama do conto.
Ele, dono de um amor irracional, não aceitava ser tratado como tal.
 
Estava com o coração dilacerado, pois temia ver-se separado,
Daquele amor por detrás da janela. Foi assim que protestou contra ela:
- Destilo, pois, minha mágoa contra ti, por tu recusares a me sorrir.
Atiro-lhe esta pedra e ponto final, mudando a cena deste conto imortal.
 
Assim que a vidraça foi-se ao chão, um estranho silêncio fez-se, então.
O certo Romeu sucumbiu estirado e sua musa não mais viu o coitado.
A dama, em terror, irrompeu à janela. Aquele silêncio tinha a ver com ela:
- Levanta-te, nem da sacada te vejo. Sei que queres o calor do meu beijo.
 
Ela, a musa da trágica história, tentando transformar a cena em glória,
Aparecera a sorrir na sacada, mas já não adiantava mais nada.
No chão um Romeu apunhalado no peito, suicidara-se, bem desse jeito.
Ele, que era um fiel apaixonado pela magnífica obra daquele bardo.
 
Foi assim que nas manchetes daquele dia, estampou-se a agonia.
De uma triste dama que se arrependeu, por ter desprezado o seu Romeu.
Rejeitado, transmutou-se em um ator, não resistindo ao desprezo do amor.
Diferentemente da obra de Shakespeare, não quis esperar pelo porvir.

 
 
Luciano Abreu
Enviado por Luciano Abreu em 01/12/2017
Reeditado em 01/12/2017
Código do texto: T6187151
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