Pessoas e lares: abrigos

Anoiteceu com chuva e sabor de uva verde.

Ruas namoram enxurradas e janelas embaçadas.

As pessoas se vestem de casa e sofá; e jogam conversa fora.

Automóveis passam tomando banho em viagens na cidade.

Canções se tocam em goteiras e escorrem para os bueiros.

Lá se vão saudades e esperanças no mesmo barco de papel sonhado.

A noite é magia despida no escuro.

Há quem dance valsas na sala das emoções.

Claves de sol penduradas nos olhos.

O peito se aquece de carinho no calor do amor deitado na cama do quarto ao lado. A vida é mesmo assim: tantos lares abrigam pessoas;

e tantas pessoas, abrigam sentimentos.

Em momentos diversos, prazeres e sensações, atos e ficções.

São tantos trilhos e estações, onde param as carências de cada um,

ou mesmo a satisfação de tais carências.

Há tempo para tudo, mas cada tempo é devido como se tem que ser para que as coisas aconteçam dentro dele.

Portanto, o inédito é surpreendente, revelador, assustador às vezes. Mas essa é a condição das causas e consequências de todas as relações humanas, com a felicidade ou com a solidão.

As paredes confidenciam prazeres que não sentem, mas veem.

O som da terra se encharcando é ouvido,

no sono que desenha pálpebras se apertando devagarinho.

A noite testemunha a arte da chuva,

quando as nuvens peneiram água dos céus.

Takinho
Enviado por Takinho em 04/12/2017
Reeditado em 17/08/2020
Código do texto: T6189375
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