AS INTEMPÉRIES DO TEMPO

AS INTEMPÉRIES DO TEMPO

No mormaço incômodo do dia

no qual a chuva prevista hesita em cair,

nem os urubus se animam

em voarem nos ares nublados.

As notícias que chegam,

são de que a chuva ainda está

um tanto longe das regiões mais áridas,

onde nem mesmo um oásis é capaz

de saciar a sede de tanta gente.

Com o ar parado de início de verão,

não há o mover do vento fresco

que se desfez no fim da primavera,

durante a tarefa das abelhas

a colherem o néctar das flores,

para o fabrico do doce mel.

No fundo da casa de quintal cercado,

a mulher se impacienta

com a escassez da água para lavar

a roupa suja das gentes simples

da própria casa, que quase não têm

roupas limpas para vestir, enquanto

uma criança nua (decerto é sua filha),

chora junto dela puxando-lhe a saia molhada

com vontade de mamar para após dormir,

antes mesmo que a mulher lhe dê um banho

com um mínimo de água,

que já flui da torneira do tanque

a conta-gotas, revelando no recinto doméstico,

a crônica e dorida realidade da longa estiagem.

A água, bem essencial para a vida,

não existe em abundância em todas as regiões

terrestres. O homem, como um predador

contumaz, destrói as matas, as florestas,

(a Amazônia ainda é o grande pulmão verde

do mundo, até quando?!), e não as repõe,

replantando-as, em sua ínfima ação egoísta,

(o Velho Chico agoniza secando,

pela ausência da mata ciliar em suas márgens

áridas), pois a presença do verde vegetal

refresca o solo, gerando condições

propícias para que a chuva seja predominante,

enchendo os cursos d'água, os açudes,

os lagos e lagoas, fertilizando os vales, as enseadas,

as planícies e pradarias (o Nilo é o grande

oásis perene do Egito em plena aridez desértica),

mas tem que dividi-lo com o Sudão e a Etiópia,

países também banhados pelo Nilo, cujas populações

aumentam a cada ano e dependem do grande

curso d'água para produzir o trigo,

matéria prima do pão, largamente consumido

nesses países africanos, cujos povos,

há muito tempo empobrecidos por ditaduras

perversas e impopulares, agrava mais ainda a situação,

por apropriarem muitas terras a outros países

que não fazem parte da bacia do Nilo,

com melhores condições econômicas

para investirem em diversos plantios que dependem

de alto consumo de água, e o Grande Nilo,

como um imenso oásis no pobre solo

do Nordeste e Norte Africano, será que ainda resiste

por longo tempo a desaguar abundante no Mediterrâneo?

O dia vai passando rotineiro e o mormaço

insistente faz pesar a umidade do ar. Outras notícias

chegam, anunciando a possível passagem

de um ciclone subtropical pelo litoral do Espírito

Santo até o Sul da Bahia. Fenômenos que se intensificam

no mundo inteiro (tornados, furacões, terremotos,

tsunamis), ratificando as predições bíblicas

das transformações planetárias que se avizinham.

E a alma humana inferior, ainda não percebe

que precisa renovar-se, que precisa transfigurar-se

moralmente, para cuidar melhor do orbe

que habita, preparando-se para exercer as virtudes

em sua nova condição regenerativa, livre

de mazelas, infortúnios, adversidades, preconceitos,

paixões separatistas, explorações mercantilistas

e fanatismos mundanos...

Para vivenciar o pleno amor fraterno

de universalidade espiritual crística,

no âmago sócio-afetivo da humanidade regenerada

pela paz e fraternidade prevalecentes

ao longo das vindouras reencarnações.

Todavia, apesar das intempéries do tempo

e da ignorância efêmera da alma humana,

o Criador (eternamente bom, misericordioso e justo),

subitamente, faz refrescar o tempo no início

da noite, e uma chuva fina começa a cair,

molhando o solo esturricado das regiões áridas,

renovando as esperanças do sertanejo

pela abundância de chuva acumulando água

nas barragens e açudes, para que novos plantios

sejam feitos e as colheitas futuras possam

nutrir a todos do sagrado alimento, e, num gesto

de boa fé, ergue as mãos aos céus,

sendo sempre grato ao Criador.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 12/12/2017
Código do texto: T6196878
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