Bodas de madeira

 

para o calor de minha lenha,
Micaele, a mulher que me empenha

 

A nossa quinta não é rural, propícia a agriculturas; a nossa quinta é citadina e favorável a aventuras. E quantas aventuras experimentamos neste ano. Sob as rodas da Poderosa nos guiamos por entre sertões e litorais. O vigor da vida saltando nas estradas. O hálito divino soprando em nossa face, movendo nossas marchas para distâncias e encontros. E que luxo nossa bonequinha de duas rodas nos proporciona, irmã mais nova da Poderosa. Quantos elos agregamos em nossas correntes de amizade. E quantos lutos nos abraçaram na triste certeza de que a inconstância da vida é enigma.

Dos horizontes belos das gerais a praias fluminenses, nós estivemos juntos mergulhando em calmos mares. O céu em trovoadas nos banhando nas estradas. Por entre belas paisagens, dando voltas redondas em um rio de barra mansa, degustamos o paladar da natureza abençoada pelos magos reis. Também nos banhamos em praias seguras de um porto, ante o afago de uma pequena menina que nos foi presente de apadrinho.

E como cresceu a árvore de Deus do nosso jardim que ganhou em seu canteiro mais troncos de flores e frutos. Foi mesmo um ano de madeiras plantadas em terra e em concreto para suster mais a nossa vinha, que esperamos ter o sabor da vinícola mais fina. E finalmente temos o nosso pinheiro para natalino refletir os piscas da luz estrela de Belém.

As palavras de nossas crônicas, respiração de minhas mãos pelos seus olhos inspiradores, ampliadas em universos. Felicidade que nos indica para desfeliz retirada no peito fica, até um instituto que resposta prontifica. Sina de profissão que nos elegeu. Nosso magistério sempre nos rendendo carinho de discentes que nos surpreendem. Mimos e homenagens que nos fortalece na vida docente que escolhemos ser. E colegas companhias que nos engrandecem, nas prosas entretidas e profissionais ou nas farras e nas cervejas artesanais.

Minha neve morena com quem me amanhece todos os dias a melhor certeza de minha vida, completamos mais fortes e resilientes este quinto ano matrimônio juntos. Continuamos no mesmo estilo, mas agora catrumanos. E que a taça da vida nos continue brindando com seus melhores vinhos. E que de minhas mãos sertanejas possam sempre riscar as palavras que compõem o nosso livro. Que espelho se torne de amor para muitos pombinhos que anseiam deixar o seu ninho, aventurando-se em outros troncos, madeiras que sempre encontramos pela vida do caminho.

 

Seu Márcio
15 de dezembro de 2017.