Observações da Madrugada

Meia noite!

Tivesse eu um cuco ou carrilhão

E estaria ouvindo, talvez, a décima

Das doze badaladas.

Mas não!

Meu relógio hoje é um iPhone,

Educado, só me lembra das horas

Quando ordeno.

Não sei se é o melhor,

Mas assim posso escutar a chuva,

Que bate furiosa seus pingos grossos

Contra a vidraça da janela da cozinha,

Onde estou preparando um café.

Dormi durante o jornal das oito,

Vislumbro uma madrugada acordado!

Uma hora!

TV ligada, sem som,

E eu sem qualquer interesse

Em assistir o que nela passa.

Minha atenção está na chuva

E na leitura atrasada de e-mails,

Whatsapp, facebook etc..

Duas horas!

Leio algumas poesias.

Entre elas uma me chama a atenção

pela sensibilidade da poetisa Flávia Hossell,

A quem o acaso e a internet me fizeram conhecer,

Apresentando-me aos seus versos:

“Cinco Segundos” é o título

E o tempo que a autora levou para perceber

Que vale mais a alegria de duas meninas

Que se fazem amigas num shopping,

Do que a pressa em resolver problemas do dia a dia.

Três horas!

Os primeiros bocejos,

Talvez causados pela tentativa vã de,

Lendo a “Rapsódia de uma noite de vento”, de T. S. Eliot,

Não conseguir ver ou sentir o que dizia a apresentação crítica da obra.

Constato o quão é rasa minha intectualidade,

Mas copiei descaradamente a forma do poema neste escrito.

Três horas e quinze minutos!

Percebo que a chuva amainou,

Desligo a TV,

Ponho a máscara do CPAP

E me deito.

Boa noite!

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 08/01/2018
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