* TROCAS *
(...) " Descalça, caminhou pela estrada de terra.
A chuva que caia, banhava não somente seu corpo, mas lavava também su'alma.
Poças ela pulava, não se importando se aquilo parecesse ridículo aos olhos de quem visse.
Abriu os braços, e girou em torno de seu próprio eixo.
Decidiu naquele instante colecionar pedras, como se fossem conchas.
Cada pedra recolhida, deixava no lugar um peso carregado no peito por anos, e anos.
Mágoas, dores, abandonos, desilusões, decepções....
Ah! As decepções...
E ali, naquela estrada, foi aliviando os sentidos sentimentos. Cada pedra, um adeus.
Chorou!
Ela se permitiu chorar.
Sentiu um misto de sensações....Ora lágrimas de dor. Ora lágrimas de alivio.
Suspirou. Sentiu o ar tomando conta de seus pulmões, de seu corpo, de todo ser.
E de olhos fechados, abraçou-se.
Sentiu que o amor ali renascia. O amor por ela mesma.
Jurou não mentir mais para si mesma, tentando camuflar o amor que lhe arrancaram. Ela ainda o amava.
Com toda sua alma, ela ainda o amava. Mas decidiu prosseguir.....E Prosseguiu!
Fez com as mãos, uma concha, recolhendo a água da chuva.
E bebeu. Matando a sede que sentia de si mesma.
E poças pulou.
E o caminho percorreu.
Encostada na parede de sua casa, uma estante.
Pedras a adornam..."
( Pobre Doce Menina )