Um olhar

Já me perdi num olhar.

Já olhei perdido.

Entre achados e perdidos, me encontrei.

Em mim mesmo.

Estava com saudade de mim.

Não queria atuar.

Mas atuar é preciso.

Estão a me vigiar.

Basta me conectar.

O mundo não me conhece.

Então, como diz a canção, só queria mostrar, meu olhar.

Olhar vigiado.

Olhar contagiado.

Então, entre tantos olhares, elevo minha fronte.

De onde me virá o socorro?

Do juiz que me julgará.

Que por mim morreu.

Que escolheu amar primeiro.

Assim, reabastecido, o lenitivo do santo colírio me reintroduz ao pleito.

No leito, bem feito, impoluto e resoluto, volto a olhar.

Abraço e acolho.

Querem me julgar?

Fiquem à vontade.

Não tenho compromisso com o terreno tribunal.

Continuarei olhando para O autor.

O autor não é ator.

Isso me basta.

Teófilo Sabiá

Teófilo Sabiá
Enviado por Teófilo Sabiá em 23/02/2018
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