AUTO-RETRATO

Eu sou o que minha alma é. Tudo que ela tem vivido através dos tempos desde que a este planeta cheguei.

Rubem Alves disse que “a alma é uma coleção de belos quadros adormecidos”. Creio que ele tinha razão.

Assim, na galeria da minha vida, eu sou tudo aquilo que vivi e vivo, tudo o que sonhei e sonho, sou todas as coisas que esqueci e aquelas que com saudades relembro.

Sou tudo aquilo que sinto: prazeres, medos, amores, dores, manias... Sou tudo o que crio e desfaço, só ficando o que sinto ser verdadeiro. Dentro de mim só habita aquilo que eu permito. Tudo que é essencial, intrínseco, meu mesmo, meu de fato.

Todos os “eus” em mim vivem, em mim gritam. Em mim residem todas as ambivalências, todas as crenças, todas as cores, perfumes e quereres. Eu não me escondo nem fujo deles: habito-me...

Busco apenas o que conheço e que me toca fundo, que tem e faz sentido para mim. Meio termo, meio vivo, meio isso, meio aquilo, me fazem mal. O “meio” me faz mal.

Se ignoro o caminho, sigo mesmo assim, continuo a minha marcha. Só permito aquilo que me eleva, pois se não me faz melhor, se não me soma nada, não me serve e então, desce. Luz e sombra me espelham, me fazem, me são.

Posso ser o doce ou o veneno, não há o que eleger. Verso e reverso, frente e costas, norte e sul, yin-yang, eu me finalizo, não me tiro: admito-me, aceito-me...

Então esta sou eu: tudo o que minha alma já viveu e me compõe e, se me compõe vive em mim e o que vive em mim, eu aceito e o que eu aceito eu admito e o que eu admito, é. Assim eu sou: abrigo-me, permito-me... aceito-me... VIVO!

Regina Carvalho

regynacarvalho
Enviado por regynacarvalho em 15/03/2018
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