A PRESENÇA DO ETERNO

Depois de ler as ultimas notícias no mundo e em nosso país, o assassinato da deputada, a intervenção militar no Rio, fiquei refletindo sobre o porquê de a violência vir crescendo na sociedade mundial. Que se passa neste mundo caótico sem paz, só guerras, só assassinatos, só corrupção, só ambição desmedida, só ganância, só luta pelo poder, crianças com fome, crueldades sem nome?

No mundo tão conturbado, com guerras ocorrendo em pleno Século 21, com a mídia tão saturada de violência e de interesses comerciais, é preciso ter coragem para falar de paz, não uma paz utópica, idealista, mas aquela que começa no indivíduo, em mim e em você, que ultrapassa o entendimento e mora no coração daqueles que vivem no Eterno. Faço um convite para refletirmos sobre o papel de cada um de nós na criação de um mundo de paz e harmonia. Digo isto porque é muito fácil colocar a culpa nos outros achando que não temos responsabilidade para com a condição lamentável em que a humanidade se encontra, com a concorrência selvagem que existe nas chamadas relações empresariais, com a miséria, a doença e a fome que estão presentes em tantas partes do mundo e também aqui mesmo, ao nosso lado. Nós somos responsáveis pelo mundo, que apenas reflete tudo o que existe em nossa subjetividade: arrogância, medo, desejo de se prevalecer, enfim o "eu" com sua permanente busca pelo sucesso, gerando insensibilidade, ganância e, dessa forma, violência.

Portanto, a transformação do planeta passa, em primeiro lugar pela mudança em nós mesmos, fundamentalmente, pelo aprendizado com tudo o que ocorre em nossa vida, com nossos anseios e motivações secretas e com as relações que constituímos na família, no trabalho, na vida social, comercial, etc. Devemos honestamente nos perguntar se nossa vida é harmônica. Se constatamos a presença de problemas, com ânsias, frustrações não

compreendidas, e relações conflituosas, cabe-nos observar a nós mesmos cuidadosa e pacientemente até descobrirmos, em cada momento, a origem da desarmonia, que não está nos outros, como estamos acostumados a pensar, mas sempre dentro de nós, em um recanto não percebido do nosso próprio ser. Em nossa inconsciência e inconseqüência, criamos uma vida de busca de prazer e fuga à dor e, atrapalhadamente, suscitamos conflito dentro de nós e nas relações com os outros. Os problemas e as dificuldades que vemos nos outros deixam de existir quando nos relacionamos corretamente, respeitando a liberdade fundamental essencial a cada ser humano.

Percebemos a importância da ação individual, podemos criar um mundo de paz e harmonia? Se não formos nós próprios, a paz e a harmonia que queremos ver no mundo, a transformação desejada será utópica e, talvez, uma mera tentativa de fuga das condições desordenadas em que vivemos. A busca da paz que parte apenas do desejo de não ser incomodado é tão

somente uma forma sutilizada de isolamento e de egoísmo, que gera dor e sofrimento. Se há uma paz que ultrapassa o entendimento, ela precisa

ser encontrada no que há de mais profundo do nosso ser,

que toca a dimensão do sagrado. Através da meditação - que não é apenas o ato de cruzar as pernas e fechar os olhos, mas essencialmente de observar atenta e com cuidado tudo o que se passa, a cada momento, dentro e fora de nós mesmos – podemos aprender a morrer psicologicamente para o nosso apego a tudo que é transitório e de importância relativa para, naturalmente, encontrar, na mais íntima e profunda subjetividade, a presença do eterno.

Esta não é uma tarefa fácil, porque estamos sendo constantemente bombardeados com influências desarmônicas que surgem de dentro e de fora. Mas se empregarmos toda a nossa energia em encontrar a fonte primordial da vida, que é interna, de onde tudo provém, e nela estabelecermos a nossa consciência, a paz e a harmonia fluirão naturalmente, independentemente das condições externas. Vamos refletir e assumir a parte que nos toca na objetivação de criar a Paz neste mundo para sentirmos a presença do Eterno.

regynacarvalho
Enviado por regynacarvalho em 18/03/2018
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