O JARDINEIRO E A ROSA
Era um simples jardineiro
com mania de grandeza.
Plantara no seu jardim
flores caríssimas, raras
mas nunca as vira florir.
Nem bem elas floresciam,
suas hastes se inclinavam
e, murchas, se desfaziam.
Como as flores, os seus sonhos,
um a um se desfaziam
levando-o ao desespero.
Um dia, a fada das flores,
sussurrou-lhe aos ouvidos
que mudasse seu canteiro
num jardim de flores simples
que, pela cor, pelo aroma,
lhe mudariam a vida.
Lírios, cravos e açucenas,
violetas e margaridas
e dezena de outras flores
de cor e perfume sublimes
não conseguiam tirar
da tristeza o jardineiro.
Então a fada das flores,
num canteiro ainda sem nada,
toca o chão com sua varinha
e, numa explosão de estrelas,
surge uma haste de cor verde
com folhas e com espinhos
tendo na ponta um botão
que, ao abrir, se transformou
numa linda flor vermelha
de perfume embriagador.
A fada, vendo-o feliz,
transforma-o em beija-flor
e, durante todo o dia,
todas flores, todas aves
sentiram um grande ciúme
das juras de amor trocadas
entre o colibri e a rosa.
Do beija-flor colorido
e da rosa dos amores
surgiram quatro rosinhas.
Quebrando a monotonia
de um canteiro só de rosas,
bem ao lado de uma delas
surge um lindo cravo branco.
A partir de então as flores
só dançavam quando o tempo
ajustava o seu compasso
ao violão do cravo branco.