Luas

A ovelha devora o lobo...

O pasto engole as florestas...

O cume escorrega, e desce...

Toda a matilha com seu colar de couro...

A ave de rapina sem o lugar de pouso...

A gaiola sua visão interna, liberdade perfilada...

O faro do orvalho, cabisbaixo seus olhos infiltram o chão...

Domesticado um em especial não sorri...

Nem vai correndo buscar o graveto quando arremessado...

Não se senta, e nem apresenta sua pata...

Apenas observa com o seu olhar cinza...

Tentando entender aonde esta a sabedoria...

Desta vida...

Amarrado na suprema distancia, neste elo da paz enraizada em fantasias...

Em seus bolsos as folhas crescem, e nos campos as árvores queimam...

Vestem-se de flores humanas, e os arbustos em chamas...

Quando nem mais, seu faro retorna ao que sente ao que não acabou em si...

E corre ao encontro na sua visão astuta...

Um tronco, com uma pequena folha em seu caule morto...

Trazendo em seu esforço todas as cargas ao contrário ao seu ponto...

Suspira naquela jovem folhinha, naquela terra suprimida de cimento...

E volta com a ajuda do vento a sua nascente ancestral...

E uma emoção toma seu lugar, o cheiro de todo aquele pequeno lugar estende-se...

E toda uma floresta ao seu redor, e sua ave alma pousa naquela ilha em mar de concreto...

Num instinto as duas patas dianteiras se transformam em toupeiras naquela ilha de terra...

E cheira a úmida impressão de raiz derradeira...

E sua demarcação...

Ele urina em sua ilha...

O alvoroço lhe traz ao momento evento...

Esqueceu que viviam em outra floresta, as das línguas...

As dos olhos de concreto, frios e dispersos...

Acusadores focinhos...

Suas lãs de fios em aço...

Foi puxado pela coleira de couro a continuar sem sua emoção...

Uma trilha sem ação que caça a borboleta na primavera...

E a deixa entre as flores...

O inverno protege sua pele densa...

O outono trás aquela fome de viver sem alimento escasso...

O verão seu e meu...

Na dança da fertilização...

A corrente força-se a voltar ao pasto...

E no fim de um dia sem cor, amarrado próximo ao prato de ração...

Água de plástico...

Um telhado de madeira...

O lobo deitado pensa até adormecer...

E como em nenhuma noite...

Não seria sonho nem demência, o lobo acorda sem clemência...

E fica assustado por total pedido e sussurro em sua mente...

Desesperado preso e sem saber aonde, correr...

E o convite se faz numa longa ordem...

Começa a destruir sua casa de madeira no furor de suas forças, soltando-se...

Livre segue seu instinto...

Ao cume erguido de concreto iluminado pelo creme alado...

E dentro do que tinha mais valioso à linguagem estranha lhe comandava...

Sons sem latidos ou berros...

Não era ovelha e nem uivos...

Mas uma centelha ardente acesa...

Calma semelhante ao bater das asas de um beija flor...

O plainar da águia...

A última caída de folha no outono...

A ventania perfurada pelo focinho dobrando seus pelos...

As gotas de gelo...

As patas afundadas...

O sabor da raiz escondida e gelada...

Aquela suave voz da natureza entorpecia...

O natural embalava o lobo...

Na voz não corria, mas voava...

E chegando ao cume...

Sentou-se,...

Respirou...

E olhou fixamente naquela luz...

Que o transportou para a barriga de sua alma...

Seu renascimento doía...

Começou a latir, a uivar...

Até outro som sair de seu espírito...

Assim...

O lobo ereto...

Tornou-se homem...

E caindo de joelhos apaixonou-se...

E num romance...

Seu externo lobo...

Num homem voltou a ser natureza...

E quando no clarear do dia, ainda escuro...

O homem voltou a ser lobo...

E todas as noites de lua...

O lobo transforma-se...

Em homem lunar...

E em todos os dias...

Um lobo caminha solar...

Um Homem dentro de um Lobo.

CARLLUS ARCHELLAUS
Enviado por CARLLUS ARCHELLAUS em 22/04/2018
Código do texto: T6315557
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