Amargura

Amargura, que sentimento atribulador:

maltrata o coração, fere a alma no âmago,

destrói o amor.

É, no entanto, essa dor prazerosa que

move a existência mortal de um ser que

encontra n`alma uma misteriosa paixão

imortal.

Passam-se os dias, e a ferida cresce.

Nenhum ungüento é capaz de aliviar a

dor. Sinto que a cura não vem e fico

resignado a sofrer para sempre.

Enquanto se consome o finito músculo

de Eros, uma infinita paixão vai migrando

para os vastos campos da fantasia. É aí

que encontro guarida temporária contra

o flagelo devastador da solidão.

Desilusão, que sentimento atribulador:

maltrata o coração, fere profundamente

a alma.

Melhor seria arrancar esse coração no

momento do suplício... Oh, não ! Que

perca irreparável tal ato extremo

causaria a um homem que tanto ama !

Se o órgão martirizado é causa de

tanta dor e gemidos, é também a fonte

do que mais enobrece um mortal: O amor.

Evitar as aflições de um desesperançado

é como que se opor ao vento em fúria.

O amor nasce, vigora no músculo

pulsante e floresce. No entanto fazem-no

produzir frutos tão amargos que abatem

impiedosamente um jovial semblante de

um inocente amante.

Oprimir um coração que por si já sofre

tanto, é uma covardia muito grande.

È uma implacável e cruenta atitude de

quem não ama ao um infeliz apaixonado,

que tanto te ama.

Carlos Gomes de Oliveira Gomes
Enviado por Carlos Gomes de Oliveira Gomes em 25/10/2005
Código do texto: T63570