As estrelas

A noite começa sem estrelas, o brilho já quase extinto do sol encobre as luzes fracas do cosmos, pouco a pouco vem surgindo, enquanto só consigo reparar em duas estrelas que já avistei no fundo dos olhos de alguém, o céu vai se enchendo, e acumulando estrelas que ao amanhecer, já não estarão mais ali novamente, enquanto aquele olhar sorridente, tímido e inibido, me fita com um certo ar de confusão, percebo o ar deixar meu pulmão, enquanto ela se pergunta o que eu devo estar pensando, me vejo implorando a Deus, para que ela não saiba ler meus pensamentos.

A noite vai avançando, a conversa suave, engraçada, nos coloca numa situação bem envolvente, onde as estrelas de seus belos olhos dá lugar a um sorriso vermelho carnudo que rouba toda a atenção do lugar, me pego olhando esse sorriso, eu sou a causa desse sorriso, não, eu causo esse sorriso, minhas palavras causam esse sorriso, solto um leve sorriso no canto da minha boca, não pelo que ela disse, confesso que essa última frase escapou dos meus ouvidos, eles estavam surdos, todo o meu corpo estava paralisado, e a única informação que acessava meu cérebro, era a beleza daquela morena tropicana, que, estava ali, a minha frente, esbanjando sensualidade tão naturalmente que nem era pra mim, não era pra ninguém, era pra ela mesmo e só pra ela, mas de tanta sensualidade que ela tem, impossível não notar.

O céu outrora sutil, agora brilha mais que o dia, estrelas já agora quase tão brilhantes quanto as de seu olhar, a noite, quase tão linda quanto ela que agora estava ao meu lado, num abraço discreto, envolvo meus braços em seu ombro e percebo ela tremer, frio, febre, ela está quente, mas não quente do jeito sensual, apenas quente, me pergunto à noite, por que judias dela assim? Só o que ouço é o barulho do vento, batendo em nossos rostos com uma força atmosférica, sinto cada estrela do céu se apagar, uma por uma vai saindo devagar, olho para as estrelas mais lindas da noite, aquelas duas, lá no fundo do seu olhar, que agora já não mais sorri, seu sorriso, mantém agora uma boca fechada, ainda carnuda e vermelha, mas fechada, um rosto de sofrimento, de dor, dor física, mas as estrelas ainda estão lá, Deus, não permita que essas estrelas se apaguem, deixei que ela partisse da minha presença, para que aquelas estrelas não a deixasse, serei o ser mais sortudo do universo, se presenciar outra noite como essa.

Bruno BGarcia
Enviado por Bruno BGarcia em 08/07/2018
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