Chegar a algum lugar .

               Naquela manhã ,tão cedo, as tarefas lhe aguardavam
               Primeiro os cristais , a porcelana e a prataria
               Calçou as luvas primeiro, as flanelas e o demais
               Silenciosa como sempre, até no seu andar
               Com o cuidado de um duende ,para nada quebrar
               Não poderia ser notada, nem ter noites encantadas
               Quase não poderia existir, não sentir e nem chorar
               A sombra lhe  disse "bom dia", e ela apenas sorriu, tímida.
               O silêncio da mansão a assolava , dia a dia
               Aniquilava a sua juventude, seus vinte anos de flor.
               As horas lhe pareciam anos, e uma peça por descuido, de suas mãos lhe escapou
               Partiu-se em mil pedaços, como parte de si
               Do seu próprio coração, e num sobressalto de espanto
               Sem culpa , pois não sentia, tirou as luvas com calma,
               No convívio da sua alma, sem lágrimas e sem palavras,
               Deixou o restante como estava, desceu decidida as escadas, e se foi
               Nem sequer olhou para trás, a sua morte não lhe cabia
               A vida , ainda que insegura, é repleta de magias.
              
              
 


 
Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 13/07/2018
Reeditado em 13/07/2018
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