Namoro de Vidro

Rubens, sinto saudade de ouvir sua voz. Também sinto falta do seu abraço moleque, que me encobria com tanta intensidade. Resgato da memória sua face, e me encanto com a profundidade do seu olhar. E, por isso, faço coro com Lulu Santos: como evitar um chavão diante daqueles olhos de jabuticaba que refletem quem sou?

Os nossos mundos se distanciaram de tal maneira que até as cientistas mais conceituadas não poderiam prever. Mas, me diga, a ciência, tão metódica e objetiva, pode antever o desamor? Ora, por que deixamos que, tão facilmente, a doença indiferença minasse nossas forças? Questiono, igualmente, qual seria o pior término: aquele que mata a relação com um ponto final certeiro ou aquele que a torna adormecida com um sorrateiro ponto e vírgula?

Como pode ver, ainda continuo com o ímpeto interrogador... Talvez por acreditar que o questionamento desestabiliza, choca, surpreende, assusta, delimita... Delimitar!, exatamente o que não soubemos fazer nesses anos. A gente deixou tudo muito aberto... Fomos incapazes de expressar percepções básicas. Você já parou pra pensar que não refletimos sobre a importância da peça individualidade no complexo quebra-cabeça chamado namoro?

Nossas bases eram frágeis, admita, por isso não conseguimos sustentar esse primeiro conflito. Mesmo que pudéssemos demonstrar alguma profundidade, éramos rasos e o término é a representação mais perfeita disso. Apesar de sentir saudade, não te peço pra voltar. Tenho aprendido que mantendo a porta aberta me desobrigo de controlar a entrada e a saída de alguém. Fica e retorna quem quer.