Balão

O balão azul desprendeu-se de outros e fugiu mergulhando no vento, foi rapidamente levado por ele.

Voou sobre alguns telhados, desviou de algumas árvores e postes. Sua presença foi passageira entre uma discussão.

Seguiu em velocidade alta, até que aos poucos o vento deixou de empurra-lo e lentamente o balão foi descendo.

Desceu e despertou o olhar de uma menina, que sorriu ao vê-lo e logo tentou alcançá-lo.

O balão se esquivou, se esquivou, a menina tentou e tentou. O balão estourou ao encostar em uma ponta de madeira.

O balão se desfez em fragmentos sem leveza.

A menina entristeceu-se e logo voltou ao caminho e seguiu.

O balão ficou em pedaços espalhados pelo chão.

A menina, inteira, viu que nem sempre o balão quer ser tocado e a sua vontade deve ser respeitada.

E o balão viu que a liberdade da vida é ilusória e que cabe a nós a escolha e juntamente as consequências, justas ou não.

O balão perdeu vôo e a menina o balão.