Mil solidões

Tenho que me recollher .

Quem sabe o descanso bem feito devolve aos meus olhos outros tons? Quem sabe com alguma ternura de novo me faço e encanto com a força dos passos ou abraços uma nova paixão?

Preciso me recolher ; no silêncio da alma talvez renasça a raíz , descubra lá dentro da terra ...ou mesmo no fundo de algumcaverna aquela quem fui . A minha figura mais original.

Estou tão longe de mim .

Sou pluma ao vento levada por ondas fortes de ar.

Sou barco querendo ancorar e marolas encrespadas em estranhas espumas me fazem ficar batendo no cais.

Sou livro fechado que o tempo... as páginas amarelou.

Sou música sem letra. Poema sem rima tão cheio de ' ais' .

Sou diário fechado em saudades de tempos que se apagaram.

Álbuns de fotos que falam dando nós nas palavras.

E fazem escorrer pelo rosto uma água sem luz ,sem cor e sem gosto.

Sou aquela que em pedaços se fez e o inteiro todo se desfez.

Na minha esquina noto opções mas me perco na cinza estrada dos dias e noites ...

Só os olhos atentos ainda têm brilhos e quando se esforçam , se espremem e olham... apenas encontram mais de mil solidões.

set-07

luferretti
Enviado por luferretti em 13/09/2007
Reeditado em 13/09/2007
Código do texto: T651256