Sobre lembranças e afetos I

És a nostalgia bordada numa angústia incessante das noites que andava só...

Doía imaginar o próximo dia, mas se viva. A vida parecia sentir ainda esperança.

Doía passar pelas mesmas ruas, sentir o pavor do escuro e o cansaço extremo no corpo, na mente.

Queria um lar meu, um sonho meu... possível de realizar.

Às vezes, quando a manhã era densa e fria, o dia costumava dar um ar de poesia, logo era fácil se inspirar... Outras, me via por entre as letras, a filosofia e tudo o que mais amava estava contido na literatura... das manhãs frias e noites solitárias!

Era domingo, muitos, ou quase todos, repleto de vazio... queria algo inexplicável, inesquecível.

Era fácil vegetar. Ser vegetação de sonhos literários.

Outras, eu tinha correios*... corria por entre as veias uma saudade de casa, da casa que nunca tive, nunca morei.

Sentia saudade de sentir... O amor sempre dá um jeito de dar cor ao neutro.

E ter amor é ter tudo.

Felicidade era não ter um lugar físico, era ter um cantinho; ler infinitas vezes " Noites Brancas" e acreditar que um instante de felicidade pode durar uma vida inteira.

05/2015

*Correios- Ferramenta disponível em meu local de trabalho. Costumava usar para escrever poemas que enviava para mim mesma!

Dylla Vicente
Enviado por Dylla Vicente em 01/12/2018
Reeditado em 21/09/2019
Código do texto: T6516523
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