Na realidade

Quando a realidade for a mais legal que a ficção, eu paro de ver os dramas e comédias,

Eu paro de ler os romances, de escrever as novelas,

Quando a realidade for de adrenalina pulsando sob o sol que o vento ameniza via ondas do mar

Quando ela for de olhares que se sustentam e não que se enfrentam

Então vocês também não vão precisar mais ficar se protegendo.

Porque não deve ser bonito passar os dias sustentando preocupações

Com coisas que genuinamente sabemos que não temos controle,

Coisas que são de matéria, do corpo, da relações mais amplas, de mais camadas de distância social,

Enquanto que as coisas que nós podemos construir estão nas nossas relações conosco mesmo,

Com o que plantamos com raízes na terra preta ou vermelha, ou até na areia,

Nelas colocamos a mão que volta suja para provar e relembrar

Que estávamos ali,

Que construímos aquilo,

Que não foi na proteção de uma luva

Que cortamos nossa conexão com os elementos reais da matéria

Para dar lugar aos produzidos pelo homem

Para substituir as conexões para as quais ele ainda não conseguiu se abrir plenamente,

Ou talvez nem um pouquinho,

Porque sonhar é para poucos,

E ter coragem de deixar o seu sonho acontecer,

Compartilhar ele com o mundo

É para ainda menos pessoas,

Porque no sonho aquilo ainda é nosso,

Ou talvez nós é que sejamos dele,

Quando abrimos para o mundo permitimos interações que nos colocam dentro dos sonhos dos outros,

Que nos tiram de nosso espaço sagrado

Para algo que pode até se tornar magia manifestada,

Mas nós não temos como ter certeza antes.