Dizencontro

E parece que a ausência perdeu mesmo o efeito nocivo. Não há desejo latente. Paira um buraco com pontes que ligam a todos. Entre nós, porém, há fome de contato.

Forçamos sorrisos e encenamos uma cumplicidade caricata. Em qual baú abandonamos a intimidade do olhar e a sintonia telepática?

Um giro de 360 mantém iguais os pontos de partida e de chegada. Mas o que dizer de nossa mudança no meio do caminho?

Na verdade, de silêncio em silêncio, vamos ficando sem tato, sem jeito, sem rosto.

E os sonhos partilhados, quem os levará para casa? Outrora razões do encontro, hoje velhos planos de prato, decorativos e descartáveis.