AS NOITES SANGRAM

Imbricados no porvir

Astros assolam e gemem

Maneira terna de sentir o pejo.

Leiam-me com esporas afiveladas

A nódoa se liquefaz e exsuda

Tinge de escarlate o sangue

A própria melancolia se revela orfã.

Pela gama infundada da prosa

Ósculo amargo de fel me enleva e salga

Aos poucos, refestelar-me-ia.

Mas é sacrificante a autarquia derradeira

Perde-se a musa, ganha-se a morte

Não mais a rosa, não há mais o verso

Sucumbe a alma ferina desgastada pelo pranto

Ao desencanto mais sombrio do avesso.

Meu desalinho me impele a assear verbetes

Proliferaria milhões de "entre" se cá estivesse nu

Contudo, a lama forrageira a tangenciar os atos

Há de perquirir por dias menos prásinos, mais viris.

Ou será apenas um sonho mau?

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 10/01/2019
Reeditado em 10/01/2019
Código do texto: T6547746
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.