Ira, do.

Romã é uma fruta vulgar

Bem mastigada e dita ao contrário

Da nudez à essência distal

Rótulos do armário

Cobra e maçã passam longe deste pecado

Raul cogitava possibilidades

Mas o vestido de seda da dona morte

Já estancou seus sonhos...

Luar e amor

Louco e loucura

É Deus para quem simplesmente ama

E Azazel para quem não procura.

O ser humano é bicho complicado

Bicho de sete cabeças, ectoplasma acumulado

É animal indefeso

Brinquedo sem manual

Possuído pela paranoia

Acredita que é normal

Caminha ao lado de outros

Diluindo-se no próprio ego

Seguindo a intensa boiada

Às vezes finge que é cego

Mas, quando procura a si mesmo

E descobre a loucura que ferve

Na mente, na veia e no coração

Quase explode de medo

De injúria e paixão.

Sente a dor do fardo que carrega

Pensa que é culpado

Pois fez algo que outro não faria

Sente-se derrotado

Mas, pela manhã abre as janelas sorrindo

Dá três tiros no peito e veste um calçado.

Descobre seu lado mais puro

E encara o bicho papão

Dança com ele a noite

E bebe sua solidão.

CarolAmantino
Enviado por CarolAmantino em 11/01/2019
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