Ira, do.
Romã é uma fruta vulgar
Bem mastigada e dita ao contrário
Da nudez à essência distal
Rótulos do armário
Cobra e maçã passam longe deste pecado
Raul cogitava possibilidades
Mas o vestido de seda da dona morte
Já estancou seus sonhos...
Luar e amor
Louco e loucura
É Deus para quem simplesmente ama
E Azazel para quem não procura.
O ser humano é bicho complicado
Bicho de sete cabeças, ectoplasma acumulado
É animal indefeso
Brinquedo sem manual
Possuído pela paranoia
Acredita que é normal
Caminha ao lado de outros
Diluindo-se no próprio ego
Seguindo a intensa boiada
Às vezes finge que é cego
Mas, quando procura a si mesmo
E descobre a loucura que ferve
Na mente, na veia e no coração
Quase explode de medo
De injúria e paixão.
Sente a dor do fardo que carrega
Pensa que é culpado
Pois fez algo que outro não faria
Sente-se derrotado
Mas, pela manhã abre as janelas sorrindo
Dá três tiros no peito e veste um calçado.
Descobre seu lado mais puro
E encara o bicho papão
Dança com ele a noite
E bebe sua solidão.