Estamos vivos

Janeiro, aqui no Norte tempo de chuva. Céu nublado. Água, muita água. Nos começos das manhãs nubladas me sinto bem.

Gosto do sol. Também.

Estas manhãs penetram-me o coração, a alma, suavemente.

A vida parece ir devagar. Sim, os segundos são os mesmos. O cronológico, o mesmo.

Vida a seguir, partir, ir-se.

Algumas portas fechadas - elas ainda dormem. Janelas também.

Outras abertas, despertaram, acordaram.

Alguém na calçada, varrendo. Dou-lhe bom dia. Um sorriso espontâneo nasce desse cumprimento.

Crianças, mochilas na costa, rumo à escola. Eu caminho. Uma mulher, morena, à frente de seu comércio. Vende cebola, cheiro verde, tomate, frango, frutas. Visão nublada.

Vida. Mesmo nessa simplicidade, a vida.

A padaria (local procurado, já cedo). Lá encontramos outros irmãos, pessoas, gente, tão gente como eu, como nós. Iguais.

O tempo segue. Prossegue, é assim, será sempre assim.

Mas...

.... Estamos vivos, bem vivos. Respirando.

Este o segredo, estamos vivos, corpo e alma, caminhando.

Neste momento, vivemos.

Quão esplêndido isso! Maravilhoso!

Dádiva gratuita.

Gente indo ao trabalho, a sobrevivência. Um cidadão, no carrinho, vendendo frutas.

O céu, cinzento.

Eu caminho, ando.

Os carros, os pássaros, os postes, as árvores. Prédios, casas.

As pessoas, as mulheres bem arrumadas.

As manhãs sem sol, janeiro, a vida continua bela, tão bela.

Um dia morreremos. Não sabemos quando.

Mas...

…. Agora o céu está nublado, poético, majestoso. As casas, árvores, crianças, os postes, calçadas. Bem, neste momento, estamos vivos, respirando, cheios de esperanças.

Otimistas. Somos felizes se nos fizermos felizes.

Salatiel Hood
Enviado por Salatiel Hood em 14/01/2019
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