Depressão da desistência

Da janela do seu quarto ele via amanhecer

um pouquinho de desespero

-Daqueles que você é obrigado a ignorar se quiser agir a vida.-

Despontava lentamente, crescendo junto com a luz rala.

Sol mesmo, quase não se via...

Ou não se notava, ele não sabia

se o que faltava era esperança ou vergonha na cara.

Como diziam, certeza que era pura preguiça

Porque da sacada não se podia ganhar a vida, nem valer a pena a despedida.

Bem, ele evitava a despedida,

e a vida, de que se espera tanto, também o evitava com toda disposição

- que ele há muito ele não possuía.

Não via graça em maquinar o próximo passo,

Era fatigante imaginar todo dia

Como deveria ser o fracasso.

Nem uma derrota ordinária ele conseguia!

Pois bem - pensou- que assim seja!

Que essa lança cravada ao lado seja sentida a cada novo desespero que lampeja!

Suas mãos suavam, a cabeça girava,

total arrependimento pelo álcool que insistia em manter no sangue.

Não há glória, nem culpa, em morrer completamente

antes de que se mate a carne.

Porque a revolta, antes inócua, de fato

Fez corroer

o que sobrou daquele inútil recato

Aline San
Enviado por Aline San em 16/01/2019
Reeditado em 16/01/2019
Código do texto: T6552609
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