Lista de Desejos

Esses dias eu estive aqui em casa revirando o meu guarda-roupa, mudando algumas coisas de lugar,

e em uma das gavetas eu encontrei algo que há anos eu não via: uma lista de desejos de quando eu ainda era criança.

Voltei aos 10 anos num piscar de olhos.

À mesma e velha curiosidade...

Ao ler os pedidos, fiquei pasmo, não pude deixar de notar o quanto esta vida é irônica.

Quando eu tinha escrito aquela lista o meu coração ardia. Ansiava, loucamente, pelo dia em que eu pudesse riscá-los.

Hoje, estão todos realizados e eu continuo vazio.

Sonhando novos sonhos, com uma nova lista nas mãos.

Não sei bem como definir este sentimento.

Ingratidão? Quem sabe?

Talvez desejos momentâneos, esquecidos na gaveta.

Talvez um pequeno erro na hora de sonhar.

O que importa?

Afinal, as idades não voltam com as saudades.

Lendo um por um,

Um dos pedidos me chamou muito a atenção.

Eu lembro que eu sempre sonhava em crescer, em chegar logo aos 20 anos

imaginando que a vida seria melhor,

hoje, eu trocaria a metade deles por 5 minutos na gangorra.

Eu me perdi no tempo, acabei me escondendo tão bem no esconde-esconde

que nem eu mais me encontrei.

Pode parecer estúpido mas é algo a se pensar.

Já te ocorreu que talvez amanhã você poderá sentir falta do que tem hoje?

Que talvez amanhã você desejará o que hoje você despreza?

A verdade é que só damos valor ao que temos quando o prazo acaba.

Quando a vida nos entrega remorsos e não aceita devoluções.

Andamos sempre apressados

buscando sei lá o quê.

Correndo, cegamente, entre tarefas e desejos, relógios e calendários.

É só mais 1 hora, nós dissemos.

Só mais 1 dia, 1 semana.

Só mais 1 ano...

Mas um dia a gente descobre que 10 anos se passaram e já é tarde demais para se abraçar o que tinha.

Já ouviu aquela frase? O Tempo não pára.

Eu provei na pele e na alma.

E (ah) como eu queria que esta fosse só mais uma poesia de fim de tarde.

Uma estória inventada de última hora,

Acompanhada de uma xícara de saudade

E uma dose de lembranças.

Mas eu sei que não é, infelizmente, não é.

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 02/02/2019
Reeditado em 02/02/2019
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