A VIDA É INJUSTA

Di-la-ce-ra-do!

Se não lhe importas, escrevo novamente:

Di-la-ce-ra-do!

Ou seria falho, incapaz, abstêmio de amor...

Letargia

Jaz distante a fidalguia, a moral, o afeto

Tudo se foi abraçado em cova profunda

Não nego o fel se esvaindo pelos dentes

A volúpia condensada no peito.

Mil vezes rogo besouros na prateleira

Infetado pela dor abominável e seresteira

Nódoa crespa, instável, denso nevoeiro

Apocalipse do poeta, o poente caos

Arqueando, senescente, cancerígeno.

Resta a aurora gris na frente do espelho

O negativo da felicidade

A ojeriza que tem o porvir por arcabouço meu.

E não há saída!

Penso, mas não há...

Patas a me acalmar e me impedir de morrer

Uma morte lenta, convulsiva

Por vezes, leda, precisa e precoce.

Haja mar na escalada

Haja mel na escada

Sobretudo, a negra capa que me há de acompanhar

Sem filhos, indiferente aos berros

Levando à baila tudo o que de errôneo se fez.

A vida é injusta!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 05/02/2019
Código do texto: T6567846
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