Rio de Janeiro, 6 de fevereiro
Noite densa
Chuva, vento,
Choro, desalento...
Morte rondando,
Cidade doente,
Morro sangrando...
Lama no luxo,
Lama no lixo,
Lama, lama, lama e...
Abrindo os braços,
Bem lá no alto,
Sem nunca dar o esperado abraço
De socorro a quem tem precisão,
ou que estrangule a corrupção,
O Cristo observa, observa, observa
A baía da Guanabara, o Pão de Açúcar, o oceano!
Erro de projeto, deve ser!
Deveria olhar para trás,
Lá para o subúrbio,
Para favela e ver
A cidade perder a beleza,
Se perder na pobreza,
Na doença,
No crime
Na ignorância,
Na devassidão...
Não deveria olhar pra baixo,
Nem estar de braços abertos.
Deveria lançar seu olhar ao alto,
Suplicar ao Pai, fazer cessar todo o mal;
Abaixar os braços,
Por mãos à obra,
Porque você já sabe, né?
Está chegando o carnaval,
Aí...