NÃO VISTO A MORTALHA!

Do mais recôndito sonho, véu a me cobrir

Ás de ouro, réstia de lume

Acalentando, emoldurando, acariciando.

Nome preciso, alcunha do amor, da soberania

Às vestes ingênuas

Nas noites molhadas, obscuras...

Ei-la!

Sapiente,

Hora moça amiga, hora exsudado caldo

Astúrias do meu riso solto - absorto.

"Eia!"

"Ânimo!"

Tens o brilho raro, a suavidade

Gargalhada arguta, sóbria, amendoada

A carregar o mar em seu nome

A esmerilhar de mansinho a mágoa

A aparar os favos, a limar minh'alma.

O toque almiscarado do seu proferido

Embargou a nódoa

Ás de copas em significado meu:

Maravilha apoteótica silente e febril

Na essência casta, na autarquia do verso.

Jamais vestirei tal mortalha!

Enquanto houver por perto o mar

Até que me consigam enxergar

Até que eu possa novamente amar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 13/02/2019
Código do texto: T6573727
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