Tento me manter decente

É noite?

Não, madrugada.

E eu aqui no silêncio.

E eu aqui tentando me portar de forma decente.

A solidão me ri escancarada.

A saudade dança ingrata.

A fome me pede que levante.

O cansaço me pede que deite.

O sono me faz delirar.

Olhos fechados, abertos, fechados.

Nem acordada e nem dormindo,

Me pego confusa em qual verbo conjugar.

Entre o querer e poder.

Entre o amar e odiar.

Entre o sentir e esmaecer.

E entre um delírio e outro,

Entre um bocejo e outro,

Entre um travesseiro e outro.

Tento manter a sanidade, sem chorar.

Tento ficar acordada pra não sonhar com o impossível.

Tento dormir, pra que talvez num dia, eu acorde melhor.

Que eu saiba,

Queira,

Tente,

Consiga (ou não)...

Me manter decente até que o dia amanheça.