O inverso do verso

O seu diário revelava a grande alma dessa mulher solitária, linda, de olhos brejeiros e coração verdadeiro. Ela com lágrimas nos olhos escrevia:
Nosso relacionamento virou uma bagunça e eu fiquei feito uma puta. Eu não queria enganar ninguém, mas vou ter que ficar enganando outro amor. Não posso deixá-lo depois do que ele se revelou para mim.

Enfática, atrevida, sofrendo de amor, enfrentava o amor antigo com firmeza: 
Não vou querer saber que você está transando com sirigaitas por aí, não tenho moral e nem direito para proibir isso, mas não quero e pronto. Não aceito não, de jeito nenhum! Quando você resolver arranjar casos por aí, por favor me comunique porque eu vou entender, porém não vou aceitar.
Às vezes, escrevia como se estivesse frente a frente com o poeta: ontem quando você ligou... eu me derreti toda. É quando eu tenho certeza de tudo o que você representa para mim. Do jeito que você me cativa quando está atencioso, mas acaba comigo quando me dá gelo como vinha fazendo.

E emendava com soluços na alma:
Por você eu tenho um amor muito grande e também um respeito muito grande, por isso não lhe engano.

E com bom humor e carinhosamente encerrava as suas digressões de modo alegre e amoroso:
Pronto! Faço uma misturada danada de coisas quando escrevo para você. O que dá na cabeça eu vou escrevendo e nem ligo se você vai entender direito ou não, porque se não entender depois eu vou explicando.

E alinhavava, como se não quisesse mais terminar o papo:
Agora vou deixar um beijo na boca e um calorzinho no seu corpo quentinho.