No Quarto Dela
Bom-dia!
Sandice, dirão. Pode ser, mas eu diria de sensata sandice (ergo os braços para o céu), meu coração rimar com a ideia de ser eu, passarinho. Iria testar a ternura de cantar a liberdade, os sons da quietude de um mato, as canções que Rouxinol sabe dos céus. Iria cantar na chuva, ao sol, aos dois juntos, aos amores prazentes, aos precários, embora quem viva o insigne ou quem sofra o escasso, poucos os que se sabem sensíveis para o canto dos pássaros. Mas quem sabe, eu iria contar com uma criança para cantar aos risonhos e aos rangentes o que lhes cantei e eles nem deram de ombros? E eu, passarinho, iria viver no ar, traçar meus riscos de quinta-essência (que só eu os veria), sem rumo e às regras do Amor. Daí, no fim do dia, iria pousar na romãzeira de frente para o quarto dela. Sandice, dirão. Mas eu diria de sensata sandice sobre meu pouso no quarto dela.
Ótimo café!
[Brisas, Rio Corumbá, Goiás, 20 de abril de 2019]