Depois da Guerra II- O Caminho do Retorno 13
Para a Alma daquele que lê não se perder na metáfora deixada por George G., diria que a consciência foi o início, a base que levou o ser despertar e renascer, manter-se na busca, no caminho do retorno à Fonte Essencial.
Ela foi graça, a luz acesa que germinou na escuridão sem significado do ser, aquele raio de luz do tamanho sem medida, na altura do isolamento, induzido, conduzido para estar no si de si da Alma, na realidade imanente.
Unida a uma vontade indiscutida, inteligente, decidida, flexível, trabalha no propósito ígneo de não voltar atrás, não ficar, sentar, desistir, empurrando o caminhante dar passos cada vez mais firmes e constantes rumo ao interior.
Há que se render homenagens às estruturas elementares para que o ser tornasse apto, legitimado ao caminho, às três; consciência, inteligência e vontade. Sem este tripé, inviável seria a retomada, e estas, nunca estariam em ação se o ser não fosse lançado na aventura da desconstrução da mente pela graça, que vem do alto, da Providência Divina. É preciso querer, desejar profundamente conhecer-se.
Jacques Brel, quando separou-se da esposa, compôs “ ne me quite pas”, numa demonstração poética de incompletude e necessidade. Assim traduzido:
Não me deixes
Não me deixes
Precisamos esquecer
Tudo pode ser esquecido
Que já tenha passado
Esquecer os tempos
De mal-entendidos
E o tempo perdido
Para saber como
Esquecer essas horas
Que às vezes matavam
Com golpes de porquê?
O coração de felicidade
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Eu lhe darei
As pérolas da chuva
Vindas de países
Onde não chove
Escavarei a terra
Mesmo após a minha morte
Para cobrir teu corpo
De ouro e de luz
Eu farei um reino
Onde o amor será rei
Onde o amor será lei
E você será rainha
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Eu inventarei
Palavras sem sentido
Que você entenderá
Eu te falarei
Sobre esses amantes
Que viram duas vezes
Seus corações se incendiarem
Eu te contarei
A historia desse rei
Morto por não poder
Lhe reencontrar
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Frequentemente vemos
Renascer o fogo
De um antigo vulcão
Que pensávamos estar velho demais
E é provavelmente
Dessas terras queimadas
Que nascem mais trigo
Do que no melhor Abril
E ao cair da noite
No céu flamejante
Não é que o vermelho e o negro
Se casam
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Eu não vou mais chorar
Eu não vou mais falar
Eu me esconderei lá
Para te contemplar
Sorrir e dançar
E te escutar
Cantar e depois rir
Deixe que eu me torne
A sombra de tua sombra
A sombra de tua mão
A sombra de teu cão
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Não me deixes
Na altura do caminhar, nem no começo, nem no final do processo, a vontade fica cambeta, como o coração do amante nesta melodia, começa pedir à sua outra parte que volte, que o complete, muitos neste período do caminhar, volta para o recitar da prece, do pranto, da ânsia de ser aceito de volta pela Fonte Suprema.
Neste estado, a consciência que caminha no retorno, perde a dúvida, sabe que tem algo mais a acomodar dentro para ser inteira.
Sem os açoites, retomando o caminho, o cocheiro encontra um guarda na porta que o levaria para o algo mais, impedindo a entrada.
Parou embaixo de uma árvore seca e sem frutos, dizendo que estava igual a ela. Ficou.
Levou as mãos ao bolso do casaco, apanhando a pedra da memória, recordou da necessidade de que se fizesse a pergunta essencial. Seria, quem Sou? O que Sou? Para onde irei? O que estou fazendo aqui?
No silêncio do seu interior, à porta que dava acesso ao caminho que levava ao seu Senhor, aguarda ser aceito.
Saem da carruagem seus personagens, pensamentos e emoções, os mais variados eus, produtos das palavras absorvidas da cultura de mundo, da ciência, da filosofia, da religião. Até que como a estátua de Rodin, fica o cocheiro esvaído em si.
O cocheiro, quando não mais está, e está ao mesmo tempo, passa ser guiado por uma balsa à ilha interior, à cena que desencadeará o duelo decisivo.