cruel
meu corpo pesa demais
e minha garganta fecha gradualmente
com as palavras não ditas
entupindo as vias respiratórias
e o meu sangue escuro
que parece endurecer com o tempo
com as minhas falhas
e dores
as vezes sinto vontade de fazer um furo
e ver se tudo escorre por ele
se o sangue se esvai
e a dor também
se não furos
duas linhas em cada punho
duas linhas em casa pulso
até que pare de pulsar
a coragem é o que me falta
passo cada dia esperando o momento certo
o segundo exato
e aquele milésimo em um piscar de olhos
com a tomada de uma decisão
peço desculpas a eu mesma
pois sou bruta
injusta
e cruel comigo mesma