conformada e inexistente
pisquei com força ao escutar o despertador e senti raiva do que sou naquele momento. senti raiva por ser fraca e não conseguir pôr um fim em tudo. sinto aquele misto de raiva, irritação, ódio, fragilidade, sensações de crise. pensei naquela música do Sigur Rós. “Eu chuto a fragilidade pra fora e grito "eu tenho que ir, socorro" eu explodo e a paz se vai”. e tudo se vai.
coloco os pés para fora da cama com esforço, suspiro e vou esbarrando em tudo que vejo pela frente. esbarrando na bagunça que tenho me tornado a cada dia. evito olhar o espelho, nunca olho o espelho em crise.
penso “anotar”
que gosto da tristeza pois ela me entende, ou eu acho que entende.
lembrei de pedalar pela beira mar escura em plena 22 horas da noite, com fones de ouvido no volume máximo. fecho os olhos e deixo o vento gélido espancar e esfolar meu rosto. talvez a vida seja isso, como andar em uma ou duas rodas, com olhos fechados. sem rumo, sem sentido. abro os olhos e paro, sinto o choro interno e calado. talvez eu já devesse ter partido, e talvez eu não goste da carol quando está feliz, acho ela um tanto arrogante.
e talvez só talvez eu prefira ser apenas conformada e inexistente.