O AVÔ E SEUS NETOS

Este cara não existe.

Ele não está nem aí.

Nem aí “para o que der e vier”.

Tampouco “se lixando”, para ser mais preciso.

O próprio se intitula de “netista”, ou seja: cuidador de netos. A respeito disto, quando se fala em neto, ele abre um largo sorriso.

Há quem diga “não querer saber de quem pintou a zebra” e sim “do resto da tinta”. Ele nem do “resto da tinta” quer, mais, saber. Tendo um neto ao lado e um lugar para ir (ou ficar), isto é o que importará para ele. Pois é “movido a neto”. Dá um beijo num dos “pimentinhas” e anda dois quilômetros.

Quando o mesmo sai para os “seus afazeres” com um desses “pimpolhos”, enquanto o pequeno faz as suas peraltices ele fica a observar esse mundão. O mundo e sua sofreguidão de vida. Todos – em suas pressas – correndo para lugar nenhum. Senão para se constituírem e procriarem e, por conseguinte, entregarem seus filhos para serem criados pelos próprios avós dessa modernidade.

É aí que entra o tal avô. O que está pisando mais no freio que no acelerador.

Daí também a razão de o mesmo “não mais existir” para os de afãs e frenesis por uma vida que não lhes vêm...

Edmilson N Soares
Enviado por Edmilson N Soares em 27/08/2019
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