Vazio

E agora o que que eu faço com esse vazio que se agiganta em todas as direções?

O que é que eu faço com essa boca negra que engole meus dias tão iguais?

Como reconhecer o chão, se ele me falta sob os pés? Ah...por que caminhos vou encontrar o altar onde queima meu coração...

Perdi o rumo, o teto, o chão; todos os laços foram rompidos. Por onde ando e para todos os lados que olho não consigo me achar, não há encaixe que me caiba.

Arde meu coração longe do peito que o abriga tentando encontrar um fio de esperança para não cessar de pulsar.

Um rio de saudade atravessou a minha vida já sem sentido. Nesse leito turbulento onde me gasto rolando seixos, mil vezes e mais uma, chorei.

Eis-me prostrada sobre o beiral, olhando para o nada, sonhando com o infinito onde guardei meus pensamentos, palavras e alguns fiapos de ilusão.

O desejo de ser feliz assenta-se à minha mesa, mas calado fita-me nos olhos sem coragem de me iludir.

Agarro-me a solidão, aceito-a sem receios, não resta nada além do silêncio para preencher o vazio que sufoca-me por todos os lados...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 29/09/2007
Código do texto: T673797
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