Engulo a lágrima e me odeio em silêncio...

Afasta sua pele da minha carne malsã, tenho gosto de pecado na boca e todos os desejos coagulados.

Guarda como lembrança o gosto adocicado dos meus beijos sinceros. Não há leito para tanta aflição e não haverá condenação diante de tanta angústia.

Quando rastejei minha pele dentro da inteira hora que entre nós se gastou; uma multidão de pensamentos assaltou minha cabeça. Vi o céu na sua boca estrelada, vi o luar brilhando na sua retina azul e senti uma lâmina fina atravessar meu corpo lanhando de indagações.

Afasta sua boca insensata da minha pele incendiária. Não cavalgue nas estradas sem curvas do meu corpo tolo; tenho entranhado nas dobras da pele, medos e desconfortos de muitos anos.

Eu me gosto e me aceito sem reservas; já vivi de esperanças, já sequei os sonhos na varanda e já não tenho madrugadas nos meus braços vencidos.

Afasta seu peito de ilusões do meu peito empedrado pela solidão; não desvesti da minh'alma velhos fantasmas, nem tampouco guardei sorrisos para aplacar frio da alma nas noites geladas.

Tenho o andar salpicado de sonhos bobos, as mãos calejadas de rotina, mas um coração loucamente adolescente; despreparado e desajeitado.

Afasta suas mãos das minhas, dos meus ameaços de realidade e do meu corpo leviano. Afasta seu querer do meu martírio de desejos, há cacos sob minha pele alva, há uma adaga rasgando meu ventre coberto de sobriedade.

....Eu já ouvi seus pés levemente compassados saindo pela soleira ...sem adeus, sem até breve, antes mesmo de acordar o dia.

Engulo a lágrima salgada e me odeio em silêncio

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 30/09/2007
Código do texto: T674241
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