Primavera

A chuva inda não se mostrou e chegas, amanhã, 16 horas.

As amenidades podem não te recepcionarem o' doce estação do encanto! Mas virão os cheiros de flores, o vento a bailar espalhará o forno que abrasa as Minas Gerais, os brasis.

Sinto um apertar no peito, por estares vindo e a seca encalorada ainda não ameaça partir; talvez vá de última hora, antecipada, quando te avizinhares do teu momento.

Um mormaço acinzentado apaga o sol, mas deixa o calor do braseiro ultrapassar essa névoa que ofusca os raios, mas não diminui a intensidade.Quero-te aqui, reinante e em todas tuas dominações; não te intimides por esse lusco-fusco que desvirtua a claridade do dia, que entreabre a noite e deixa entrar a nuvem de pernilongos errantes, cujo roteiro não sabem mais seguir, perderam-se das funções e, hoje fazem demora para evadirem.

A natureza sufoca sob a fumaça das queimadas, a Amazonas se esvai no desrespeito da ambição, no descontrole dos devaneios de gente que há muito deixou de ser gente, metalizou na moeda vil e se estabeleceu na conivência com a impunidade.

Vem, não tardes a encher de cores estas campinas, sê esse fio de esperança que ainda nos prende, nos incentiva a recomeçar. Doce Primavera, de ipês floridos, de verdes florestas, de relva viva que cresce e em manto protege o chão fértil desse Terra que te recebe; vê o salpicar de estrelas deste céu azul anil.

Abro-te a alma para que nela pintes os horizontes e os borde de pétalas, em roserais de cores mil; desça as montanhas sob meu olhar de encantamento, porque nas sombras de frondosas árvores tu te deitarás e, te cantarei acompanhada do coro de pássaros tuas boas vindas, amiga minha.

Sê Primavera como tu és!

CidadiPaula