Saberás
Do tempo eu faço um balanço para embalar a saudade que se amontoa nos meus dias.
Pacientemente vou cerzindo com fios de lembrança uma colcha carinhosa para recostar meu cansaço nesse tempo de esperas.
Basta-me somente a certeza dos braços ansiosos que deixo, porque neles me abrigarei em algum por-de-sol.
Enquanto velo meus repousados desejos, bordo com as estrelas mais reluzentes a boca da noite que hei de te ofertar.
Meu corpo banhado e perfumado de bálsamos raros se esconde do pecado, para que puro possa ser tomado quando o tempo da provação findar.
Na hora nona quando os sinos repicarem, recolhe-te da luta diária e junto a solidão que escorre das paredes que te abraçam, deixa vagar a alma aos meus cuidados. Há na magia dessa hora um sopro de vida que transporta o anseio dos amantes.
Quando a noite se fartar da escuridão e o bem mais profundo cobrir de silêncios a vida que te rodeia, saiba que meus olhos acesos serão faróis a te guiar neste momento adormecido do mundo. Virei com passos delicados te envolver no meu querer.
Não tema a solidão que campeia por essa hora, ela é a fiel cúmplice dos sonhos que iremos sonhar.
Quando a brisa te beijar, saberás que sou eu a te visitar. Não deixe a esperança adormecer.