ISSO é teu filho gay.

Teu filho gay nasceu em um lar amoroso. Suas primeiras palavras foram mamãe, neném e água.

Teu filho gay tinha dois irmãos com quem brincar, mais velhos do que ele.

Teu filho gay adorava vídeo game, futebol e desenhar.

Teu filho gay dava um trabalho danado pra arrumar a cama, mas sempre tirava boas notas.

Teu filho gay te amava mais do que tudo e brigou com um garoto na escola que te xingou por tuas costas.

Teu filho gay ficou uma semana de castigo, mas no fundo do coração você estava orgulhosa por ele te ter defendido.

Teu filho gay foi crescendo... se tornou adolescente e, ao contrário dos seus amigos, não queria saber de namoradas.

Teu filho gay usava os livros e os estudos como desculpas pra não pensar sobre Isso que o perturbava.

Teu filho gay já se percebia diferente, com os hormônios à flor da pele, Isso o tomava em corpo e alma.

Teu filho gay não entendia porquê era diferente dos irmãos.

Teu filho gay abriu devagarinho a “porta do armário” e verbalizou:

— Mãe... eu acho que não me interesso por meninas... será que eu...

Você interrompeu, — filho, eu já desconfiava, mas por favor não fale sobre ISSO com seu pai — e você reforçou — ISSO não te fará bem... é pecado. Vamos resolver juntos.

Teu filho gay fechou-se em si mesmo e, passados alguns anos, arrumou uma namorada pra te agradar.

Teu filho gay noivou; casou e teve dois filhos.

Teu filho gay traía a esposa com homens.

Teu filho gay foi descoberto vinte anos depois, enquanto a esposa dele, sem querer, viu uma conversa no computador.

Teu filho gay foi colocado contra a parede pela mulher. Ela vociferava:

— O que é Isso, seu depravado? É por ISSO que você não me procura mais pra fazermos amor? Tenho nojo de você.

Teu filho gay nada disse. Saiu de casa batendo a porta atrás de si.

Teu filho gay retornou pra casa, na mesma noite, com uma garrafa de uísque e uma caixa de antidepressivos que seu psiquiatra já havia receitado.

Teu filho gay não quis ser percebido pela esposa e foi pro quarto de hóspedes.

Teu filho gay secou a caixa de comprimidos e deixou a garrafa de bebida pela metade.

Teu filho gay morreu de overdose, deixando uma viúva angustiada e dois filhos héteros muito bem-criados por ele.

Teu filho gay escreveu apenas um bilhete:

“Mãezinha querida, peço-te perdão, mas não aceitar ISSO me matou!”

Teu filho gay foi enterrado com honrarias dignas de um bom médico que ele fora.

Enquanto isso... do outro lado da cidade, um garoto viu uma estória em quadrinhos com a qual se identificara.

Comprou. Levou pros pais. Confessou com o coração aliviado e repleto de coragem quem ele era. Os pais daquele menino falaram:

— Que cena de amor bonita e verdadeira nessa revistinha. Saiba que te apoiamos em suas decisões. ISSO de ser diferente é normal!

Isso salvou um menino de ser infeliz com quem ele era.

Pela primeira vez ele sentiu orgulho de ser Um Filho Gay!

Andréa Agnus.

06 de setembro de 2019.

Andréa Agnus
Enviado por Andréa Agnus em 29/09/2019
Reeditado em 07/10/2020
Código do texto: T6756458
Classificação de conteúdo: seguro