Sinapses

Uma hora e trinta minutos da manhã de um hoje

que há pouco foi ontem.

Ou, ainda é um ontem que eu não vi passar?

Já nem sei. Sei onde estou. Aqui. Novamente a escrever.

O tema, não sei, também.

Nem me preocupo se o ritmo, ou a rima, vai bem!

Hoje é um ontem que eu não vi passar.

Que idéia! De onde veio? De ontem ou de hoje?

Porque, de fato, ontem eu lia poesias. Ou era hoje? Já nem sei.

São uma e trinta e tantas letras, que já estou carregando nas tintas.

Sim, talvez um pouco Álvaro de Campos.

Só um pouquinho. Não me arvoro a tanto

(pelo menos não, ainda)...

Brincadeira!

Calma!

Calma...

Se o Álvaro de Campos e o Fernando eram a mesma Pessoa,

E, ontem, eu li algumas coisas dos dois, então, hoje já não sou eu

Simplesmente

(Oh ignorante! Oh estúpido! Oh meio-termo entre alguma coisa

Distanciadamente próxima a Belasartes – me perdoais a extravagância do neologismo de pouca criatividade – e o Zé-zinho cultura inútil).

São três, e mais alguns, e uma dízima periódica.

De tais talentos. De tais talentos.

Não me leias! Não me leias!

Já são uma e trinta e tantos devaneios, que a dor de minha cabeça (aumento em grau na miopia ou sono mal-resolvido.

De qualquer forma se refere a algum aumento de atividade

Da pressão intra-ocular)

Suplanta em várias minha capacidade de achar isso tudo legal (faltou-me palavra melhor. E não, não vou mudar. Que vá o que valha desde o início).

Pois bem!

Já dizia a não me ler.

Aqui não sou eu e não é ninguém.

Não.

Pensando bem, é alguém!

Apenas eu, com dor-de-cabeça

(neologismo incriativo, de novo! Outro!),

escrevendo sobre um ontem que eu não vi ser hoje.

Já são uma e quarenta e tantas coisas sem sentido,

Porém sentidas.

E que fique o vácuo...